TURBULÊNCIA EM TURIM
"Em 2001, o FC Porto teve a Juventus como equipa adversária, na fase de grupos da Liga dos Campeões. Como era um jogo importante, com um adversário tão difícil, os Super Dragões resolveram ir em peso apoiar a equipa.
Para tal, fretámos um charter para cento e oitenta pessoas. Chegámos cedo ao aeroporto Sá Carneiro e eu e o Trilho controlámos o check in. Não houve problemas e o avião levantou sem atrasos. Já no ar, levantei-me para dar a ronda e cumprimentar o pessoal.
Ao chegar à parte de trás do avião, no local onde costumam estar as hospedeiras, a cortina estava fechada e comecei a ouvir risos. Abri o cortinado e vi o Aleixo e o Caveira. O Caveira já estava em tronco nu, com o colete da hospedeira e o lenço dela ao pescoço, cheio de baton na cara. O Aleixo estava com um copo de plástico com gelo e a gaja estava a servir--lhe uísque. Todos aos beijos e aos apalpanços!...
- "O que é esta merda aqui, pá?!"- perguntei a olhar para eles de lado.
- "Não se passa nada, Macaco. Estamos aqui com as nossas amigas. Isto aqui é tudo
nosso."
As hospedeiras eram espanholas e eu vi logo que o meu sossego tinha acabado ali… Quando os outros vissem o que se estava a passar ali, ia ser um trinta e um. Com a confiança que lhes estavam a dar, ainda acabavam violadas. Fechei a cortina e fiz de conta que não tinha visto nada.
Mas, entretanto, os outros começaram-se a aperceber. Quando elas vieram servir o catering, começaram todos a puxá-las, a dar-lhes surras no cu e a apalparem-nas. E elas sempre a rirem-se, sem se imporem. Pensei logo: 'Estou fodido… Isto vai ser uma tourada.'
Tourada no avião
Passada uma hora de voo, um dos co-pilotos perguntou quem era o responsável e o Trilho, como estava na frente, foi ver o que se passava. Minutos depois, chegou à minha beira muito preocupado.
- "Macaco, chega ali à frente num instante".
- "O que é que se passa?!..."
O co-piloto começou a falar comigo, a explicar que tinham roubado a carteira ao comandante! Ele estava fodido e já queria aterrar o avião, antes do tempo e tudo. O co-piloto é que conseguiu dar-lhe a volta e ele aceitou ir até Turim, com a condição de que ninguém saísse do avião, até a polícia entrar, para ver quem é que tinha roubado a carteira. Eles já tinham, inclusive, comunicado o problema à torre. O co-piloto tentou ver se descobríamos quem tinha sido para, pelo menos, recuperar os documentos e os cartões de crédito. Fui à cabine do comandante acalmá-lo e dei-lhe a minha garantia.
- "Não se preocupe, que eles não podem atirar a carteira pela janela. Eu vou averiguar o
caso e garanto-lhe que daqui a cinco minutos aparece a carteira",
Só precisei de saber onde estava a carteira. Disseram-me que estava na parte de trás, onde as hospedeiras costumam estar a preparar o catering… precisamente no local onde tinham estado o Aleixo e o Caveira. Cheguei à parte de trás e mandei sair o Aleixo.
- "Dá aí uma vaga para falar com o Caveira".
O Aleixo saiu com as espanholas, e eu não tive mais nada. Fechei a cortina e pus a mão ao pescoço do Caveira.
- "Ó filho da granda puta, tens cinco minutos para entregares a carteira ao homem ou
fodo-te já os cornos aqui e, quando chegares a Itália, vais de saco".
- "Eh!... ó Macaco, achas que fui eu?"
- "Os únicos gajos que entraram aqui, foste tu e o Aleixo. É aqui que o comandante guarda a carteira e o único que a pode ter roubado és tu. És maluco, pá! Não vês que o homem leva nas mãos a vida de cento e tal pessoas? Eu vou ali à frente e, quando voltar cá atrás, quero a carteira. O gajo já disse que nem quer a guita… quer é os cartões todos e os documentos". Entretanto, vou a sair e uma das hospedeiras veio perguntar o que é que se estava a
passar.
- "Foi ali o teu amigo que roubou a carteira ao comandante", respondi-lhe.
- "No. No. Ele no puede ser…".
- "Foda-se, ó Caveira, tens uma lata do carago. Ela era menina para ir a tribunal e dizer
que não tinhas sido tu. Ela está mesmo apaixonada por ti".
- "Não fui eu, pois não mor?", virou-se o Caveira para a gaja.
- "Ele esteve sempre à minha beira. No puede ser!", insistia a hospedeira.
- "Tens toda a razão, filha. Foram os outros que vão ali à frente que, com os olhos,
desviaram a carteira do lugar… Já te disse, Caveira, que vou lá à frente e, quando cá
chegar, quero a carteira no sítio."
E assim foi…
Lá entreguei a carteira direitinha ao comandante e disse-lhe que, se voltasse a surgir algum problema, viesse falar comigo. Ficou logo com outra cara. A viagem lá continuou com a tourada inicial com as hospedeiras. Tudo na galhofa e a apalpar as gajas… até que elas interromperam o serviço de catering, porque já estava a ser demais.
Carabinieri não perdoaram
Na saída da manga do avião, mesmo antes de entrar nos transfers, começaram todos a cantar. Na parte do check out era só Carabinieri a rodear-nos para chegarmos aos autocarros que nos iam levar para o centro da cidade. Os cães sentiram o cheiro da ganza que aqueles gajos fumaram durante todo o voo e manifestaram-se logo. Houve, inclusive, alguns que foram postos de parte para entregar a ganza, sem consequências maiores.
Durante a tarde, andamos pelo centro da cidade, a comer e a beber nas esplanadas até ir para o estádio. O FC Porto perdeu por 3-1 e nós ficámos, como mandam os regulamentos, retidos, até ser seguro sair. A claque da Juventus foi espectacular e não saiu do estádio, enquanto não tivemos autorização para vir embora. Sempre a cantar e a saudar-nos. Achei o máximo.
De volta ao aeroporto, foi a desgraça total, no Free Shop. Tipo arrastão! A polícia italiana facilita e é diplomata, mas é mestra na forma como lida com as claques e, por isso, tinha montado um esquema com polícias à paisana, de tal maneira que apanharam cinco ou seis, em flagrante.
Mandaram os outros para dentro do avião e eu fiquei ali a tentar resolver mais uma confusão. Disse-lhes que pagava o que eles tinham roubado, para que os libertassem.
- "E o que os outros roubaram? Vocês exageraram um bocado!... Vão ter de ficar aqui detidos e, amanhã, alguém vai ter que lhes que pagar a viagem para eles regressarem para Portugal".
Voltei a insistir que pagava, mas eles não aceitaram. Quiseram castigar aqueles cinco que apanharam. Fiquei com eles até à última, mas não pude fazer mais nada, se não darlhes algum dinheiro para eles se safarem até ao outro dia. Só puderam regressar no dia seguinte às 18 horas, já que era o único voo para o Porto e a família teve que lhes pagar cá a viagem, cerca de quarenta contos para eles regressarem. A brincadeira ficou-lhes cara.
Ringue no avião
Regressámos para o Porto e a viagem foi a mesma palhaçada, com tudo a fumar ganza. Houve, porém, uma situação engraçada com três ciganos da claque do Bairro S. João de Deus. O Toneca, o Matreco e o Isidro são muito medrosos e têm medo de andar de avião. Como era a primeira vez que tinham andado de avião, sempre que o avião levantava e aterrava e, mesmo durante a viagem, eles iam muito quietos. Parecia que iam colados ao banco.
- "Ai Macaco, a minha mulher disse que tinha sonhado que o avião ia cair."
- "Não vai cair nada. Ela só disse isso para tu não vires", comecei a gozar com eles.
Como sempre, tinha de haver confusão e o Tiago Preto e o Xuxa, da Ribeira, pegaramse. Quando dou fé, tinham feito um ringue, no meio do avião, com tudo à rodinha e eles mesmo à porrada a atirarem-se um ao outro, contra as janelas. O avião começou a abanar por todo o lado e os ciganos entraram em pânico.
- "Aí! Ó Macaco anda aqui, que a minha mulher sonhou que isto ia cair".
-"Ouçam lá… vocês são malucos, ou quê? Podem causar aqui um acidente…". Tentei
acalmá-los porque a bulha era mesmo séria.
O resto da viagem decorreu, normalmente, até à saída. Contudo, quando aterrámos, o Corpo de Intervenção estava à nossa espera para que o SEF nos revistasse, porque tinham desaparecido os coletes salva-vidas do avião!"
"Em 2001, o FC Porto teve a Juventus como equipa adversária, na fase de grupos da Liga dos Campeões. Como era um jogo importante, com um adversário tão difícil, os Super Dragões resolveram ir em peso apoiar a equipa.
Para tal, fretámos um charter para cento e oitenta pessoas. Chegámos cedo ao aeroporto Sá Carneiro e eu e o Trilho controlámos o check in. Não houve problemas e o avião levantou sem atrasos. Já no ar, levantei-me para dar a ronda e cumprimentar o pessoal.
Ao chegar à parte de trás do avião, no local onde costumam estar as hospedeiras, a cortina estava fechada e comecei a ouvir risos. Abri o cortinado e vi o Aleixo e o Caveira. O Caveira já estava em tronco nu, com o colete da hospedeira e o lenço dela ao pescoço, cheio de baton na cara. O Aleixo estava com um copo de plástico com gelo e a gaja estava a servir--lhe uísque. Todos aos beijos e aos apalpanços!...
- "O que é esta merda aqui, pá?!"- perguntei a olhar para eles de lado.
- "Não se passa nada, Macaco. Estamos aqui com as nossas amigas. Isto aqui é tudo
nosso."
As hospedeiras eram espanholas e eu vi logo que o meu sossego tinha acabado ali… Quando os outros vissem o que se estava a passar ali, ia ser um trinta e um. Com a confiança que lhes estavam a dar, ainda acabavam violadas. Fechei a cortina e fiz de conta que não tinha visto nada.
Mas, entretanto, os outros começaram-se a aperceber. Quando elas vieram servir o catering, começaram todos a puxá-las, a dar-lhes surras no cu e a apalparem-nas. E elas sempre a rirem-se, sem se imporem. Pensei logo: 'Estou fodido… Isto vai ser uma tourada.'
Tourada no avião
Passada uma hora de voo, um dos co-pilotos perguntou quem era o responsável e o Trilho, como estava na frente, foi ver o que se passava. Minutos depois, chegou à minha beira muito preocupado.
- "Macaco, chega ali à frente num instante".
- "O que é que se passa?!..."
O co-piloto começou a falar comigo, a explicar que tinham roubado a carteira ao comandante! Ele estava fodido e já queria aterrar o avião, antes do tempo e tudo. O co-piloto é que conseguiu dar-lhe a volta e ele aceitou ir até Turim, com a condição de que ninguém saísse do avião, até a polícia entrar, para ver quem é que tinha roubado a carteira. Eles já tinham, inclusive, comunicado o problema à torre. O co-piloto tentou ver se descobríamos quem tinha sido para, pelo menos, recuperar os documentos e os cartões de crédito. Fui à cabine do comandante acalmá-lo e dei-lhe a minha garantia.
- "Não se preocupe, que eles não podem atirar a carteira pela janela. Eu vou averiguar o
caso e garanto-lhe que daqui a cinco minutos aparece a carteira",
Só precisei de saber onde estava a carteira. Disseram-me que estava na parte de trás, onde as hospedeiras costumam estar a preparar o catering… precisamente no local onde tinham estado o Aleixo e o Caveira. Cheguei à parte de trás e mandei sair o Aleixo.
- "Dá aí uma vaga para falar com o Caveira".
O Aleixo saiu com as espanholas, e eu não tive mais nada. Fechei a cortina e pus a mão ao pescoço do Caveira.
- "Ó filho da granda puta, tens cinco minutos para entregares a carteira ao homem ou
fodo-te já os cornos aqui e, quando chegares a Itália, vais de saco".
- "Eh!... ó Macaco, achas que fui eu?"
- "Os únicos gajos que entraram aqui, foste tu e o Aleixo. É aqui que o comandante guarda a carteira e o único que a pode ter roubado és tu. És maluco, pá! Não vês que o homem leva nas mãos a vida de cento e tal pessoas? Eu vou ali à frente e, quando voltar cá atrás, quero a carteira. O gajo já disse que nem quer a guita… quer é os cartões todos e os documentos". Entretanto, vou a sair e uma das hospedeiras veio perguntar o que é que se estava a
passar.
- "Foi ali o teu amigo que roubou a carteira ao comandante", respondi-lhe.
- "No. No. Ele no puede ser…".
- "Foda-se, ó Caveira, tens uma lata do carago. Ela era menina para ir a tribunal e dizer
que não tinhas sido tu. Ela está mesmo apaixonada por ti".
- "Não fui eu, pois não mor?", virou-se o Caveira para a gaja.
- "Ele esteve sempre à minha beira. No puede ser!", insistia a hospedeira.
- "Tens toda a razão, filha. Foram os outros que vão ali à frente que, com os olhos,
desviaram a carteira do lugar… Já te disse, Caveira, que vou lá à frente e, quando cá
chegar, quero a carteira no sítio."
E assim foi…
Lá entreguei a carteira direitinha ao comandante e disse-lhe que, se voltasse a surgir algum problema, viesse falar comigo. Ficou logo com outra cara. A viagem lá continuou com a tourada inicial com as hospedeiras. Tudo na galhofa e a apalpar as gajas… até que elas interromperam o serviço de catering, porque já estava a ser demais.
Carabinieri não perdoaram
Na saída da manga do avião, mesmo antes de entrar nos transfers, começaram todos a cantar. Na parte do check out era só Carabinieri a rodear-nos para chegarmos aos autocarros que nos iam levar para o centro da cidade. Os cães sentiram o cheiro da ganza que aqueles gajos fumaram durante todo o voo e manifestaram-se logo. Houve, inclusive, alguns que foram postos de parte para entregar a ganza, sem consequências maiores.
Durante a tarde, andamos pelo centro da cidade, a comer e a beber nas esplanadas até ir para o estádio. O FC Porto perdeu por 3-1 e nós ficámos, como mandam os regulamentos, retidos, até ser seguro sair. A claque da Juventus foi espectacular e não saiu do estádio, enquanto não tivemos autorização para vir embora. Sempre a cantar e a saudar-nos. Achei o máximo.
De volta ao aeroporto, foi a desgraça total, no Free Shop. Tipo arrastão! A polícia italiana facilita e é diplomata, mas é mestra na forma como lida com as claques e, por isso, tinha montado um esquema com polícias à paisana, de tal maneira que apanharam cinco ou seis, em flagrante.
Mandaram os outros para dentro do avião e eu fiquei ali a tentar resolver mais uma confusão. Disse-lhes que pagava o que eles tinham roubado, para que os libertassem.
- "E o que os outros roubaram? Vocês exageraram um bocado!... Vão ter de ficar aqui detidos e, amanhã, alguém vai ter que lhes que pagar a viagem para eles regressarem para Portugal".
Voltei a insistir que pagava, mas eles não aceitaram. Quiseram castigar aqueles cinco que apanharam. Fiquei com eles até à última, mas não pude fazer mais nada, se não darlhes algum dinheiro para eles se safarem até ao outro dia. Só puderam regressar no dia seguinte às 18 horas, já que era o único voo para o Porto e a família teve que lhes pagar cá a viagem, cerca de quarenta contos para eles regressarem. A brincadeira ficou-lhes cara.
Ringue no avião
Regressámos para o Porto e a viagem foi a mesma palhaçada, com tudo a fumar ganza. Houve, porém, uma situação engraçada com três ciganos da claque do Bairro S. João de Deus. O Toneca, o Matreco e o Isidro são muito medrosos e têm medo de andar de avião. Como era a primeira vez que tinham andado de avião, sempre que o avião levantava e aterrava e, mesmo durante a viagem, eles iam muito quietos. Parecia que iam colados ao banco.
- "Ai Macaco, a minha mulher disse que tinha sonhado que o avião ia cair."
- "Não vai cair nada. Ela só disse isso para tu não vires", comecei a gozar com eles.
Como sempre, tinha de haver confusão e o Tiago Preto e o Xuxa, da Ribeira, pegaramse. Quando dou fé, tinham feito um ringue, no meio do avião, com tudo à rodinha e eles mesmo à porrada a atirarem-se um ao outro, contra as janelas. O avião começou a abanar por todo o lado e os ciganos entraram em pânico.
- "Aí! Ó Macaco anda aqui, que a minha mulher sonhou que isto ia cair".
-"Ouçam lá… vocês são malucos, ou quê? Podem causar aqui um acidente…". Tentei
acalmá-los porque a bulha era mesmo séria.
O resto da viagem decorreu, normalmente, até à saída. Contudo, quando aterrámos, o Corpo de Intervenção estava à nossa espera para que o SEF nos revistasse, porque tinham desaparecido os coletes salva-vidas do avião!"
2 comentários:
Tá fixe! ... Campeõeeeeeeeeeeesssssssssssssssssssssss!!!!!!!!!!!!!!! :)
bem eu não li, mas de ve ser uma cena incrivel para ter tanto texto
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