Historicamente, Agaonidae é definido como um grupo de vespas polinizadoras de Ficus. No entanto, apenas Agaonidae s.s. é polinizador; os outros grupos incluídos na família são galhadores ou inquilinos que estão associados a Ficus mas não são polinizadores.
O figo forma inflorescências globulares do tipo sicônio, em que muitas flores ficam no interior de um receptáculo côncavo carnoso que originará uma infrutescência (Ficus abertos. Foto: Wayne's World). O sicônio possui um ostíolo estreito através do qual a fêmea com pólen penetra para alcançar as flores (Sicônio de Ficus em corte. foto: Wayne's World). Ao passar pelo ostíolo, geralmente ela perde parte das antenas e suas asas. Como nesta fase há apenas flores femininas abertas, todas elas são polinizadas e ovorre oviposição nas mais expostas; para isso, a fêmea introduz o ovipositor através do estilete e coloca o ovo no óvilo da flor. O ovário dessas flores incha (a flor fica morfologicamente alterada), mas o saco embrionário e o endosperma continuam seu desenvolvimento normalmente e servirão de alimento para a larva. A fêmea-mãe, então, morre dentro do sicônio. Quando as vespas adultas emergem das flores, o figo está com as flores masculinas abertas. Os machos das vespas emergem (P. imperialis macho emergindo. Foto: Wayne's World) antes e copulam com as fêmeas antes mesmo delas saírem das galhas; após a cópula, eles utilizam suas mandíbulas para fazer uma abertura na parede do sicônio e podem cair no solo, onde eles morrem. Com a abertura do sicônio, há a renovação da atmosfera interna da infrutescência e isso estimula tanto a sua maturação quanto a emergência das fêmeas ( P. imperialis fêmea emergindo. Foto: Wayne's World), que se carregam de pólen e ao deixarem o sicônio são atraídas por outros sicônios, que estarão com flores femininas abertas, reiniciando o ciclo. O fruto cai e dispersa suas sementes. Os machos que não saíram do fruto morrem ali, quando ele amadurece e cai. Hanson & Ramirez (in Hanson & Gauld, 1995) resumiram de forma bastante didática a relação entre oas fases do desenvolvimento do fruto e a polinização. Cook & Rasplus (2003) revisaram esses aspectos e relacionaram com a filogenia do grupo. Em relação aos dois gêneros presentes nos neotrópicos, Pegoscapus apresenta corbículas especializadas "bolsos" onde carrega o pólen e poliniza as flores femininas ativamente ao entrar no sicônio, enquanto Tetrapus não possui essas estruturas, mas carrega o pólen em seu tubo digestivo (Ramirez, 1969).
Ciclo de vida de Agaonidae, conforme descrito no texto. Fonte:BIODIDAC
Fêmea de Agaonidae com ovipositor inserido no estilete da flor.
Fonte: Hanson & Ramirez, 1995*
As vespas não-polinizadoras também são fitófagas e se alimentam do endosperma no ovário das plantas, seja como galhadoras, seja como inquilinas. Estas espécies não penetram no sicônio pelo ostíolo e sim ovipositam através da sua parede. Nestas subfamílias, o grau de especificidade com a planta hospedeira é variável.
Para a obtenção dos indivíduos, pode-se manter as galhas em laboratório para emergência de indivíduos. Grissell & Schauff (1997) relatam, também, que os Agaonidae são um dos únicos grupos de Hymenoptera que é atraído por armadilhas de luz negra.
De acordo com Noyes (2003), há apenas a descrição de imaturos de Blastophaga psenes (L.), polinizadora do figo comestível. O ovo possui um filamento longo numa das extremidades e oval, e a larva de primeiro ínstar é himenopteriforme, comum. A larva madura é fortemente curvada e apresenta um par de protuberâncias ventrolaterais nos segmentos meso e metatorácicos (Noyes, 2003).
Diversas hipóteses de evolução foram propostas em relação a Agaonidae, buscando explicar o mecanismo complexo da polinização e o alto grau de dependência entre as vespas e plantas envolvidas (Wiebes, 1979). Ramirez (1974, 1976, 1978, 1987, 1991) propôs cenários evolutivos para o hábito polinizador/galhador; Wiebes (1982a, 1986) estudou a biologia do grupo e propôs relações de coevolução e van Noort & Compton (1996) encontraram correlações entre características das vespas (estrutura da cabeça, tamanho do ovipositor) e das espécies de Ficus polinizadas por elas (tamanho do figo e ostíolo e tamanho do estilete da flor, respectivamente) (ver taxonomia, filogenia e sistemática). A associação das vespas entre si e com a planta é um modelo de estudo clássico da interação inseto-planta, inquilinismo e co-evolução (vide Janzen, 1979; Wiebes, 1979; Bronstein, 1991; Weiblen & Bush, 2002; Weiblen, 2002; Weiblen, 2004).
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