terça-feira, março 10, 2009

Deixo-vos a minha solidariedade, o que é pouco, mas não tenho mais para dar

O Presidente da República admitiu esta segunda-feira em Barcelos e depois de confrontado pelo protesto de cerca de 50 trabalhadores, despedidos da TOR e da CARFER, que não tem soluções para o aumento do desemprego. Cavaco Silva limitou-se, por isso, a deixar umas palavras de solidariedade aos trabalhadores. «Deixo-vos a minha solidariedade, o que é pouco, mas não tenho mais para dar».

Assustador no mínimo, estas declarações de Cavaco Silva. Assustadora visto existirem milhares de pessoas no desemprego, muitos jovens, muitos “idosos”, que por força das circunstâncias deixam os seus locais de trabalho e perdem o pouco que conseguiram juntar ao longo de anos de trabalho. Sabemos que o fenómeno não é apenas português, sabemos que a crise é a nível mundial e q são milhares por dia em todo o mundo a perderem o emprego.
Mas revolta-me… revolta-me não a perda de emprego de milhares de pessoas, aquilo que me revolta é ver os mais altos destinatários de uma nação sentirem-se impotentes, parece que a casa pegou fogo e ninguém sabe aonde estão os baldes de água para apagar…
Cavaco foi honesto na sua declaração “que não tem soluções para o aumento do desemprego” posição honesta esta, mas assustadora, chegou altura da democracia, em que devíamos acreditar nela, invés disso notamos que estamos perdidos com ela, que nem quem manda sabe o que fazer, imaginemos que os políticos deixavam de ser demagogos, e ouvíamos o ministro das finanças, o ministro do emprego e solidariedade social e o PINO LINO “grande primaço, que já estava na altura de ir para o desemprego também”, dizerem não temos solução para a crise! Se todos os portugueses ouvissem isto choravam desalmados. É para isto que serve a demagogia, se lhes perguntássemos olhos nos olhos se acreditavam no que diziam, eles iriam fugir a sete pés da resposta, porque sabem tão bem como o Cavaco que não é verdade o que dizem.
Imaginem nos vossos empregos, dizerem aos vossos patrões não tenho solução para estes problemas… acabavam despedidos…
As classes politicas à muito estão sem orientação, o PS é o PSD, o CDS é o PS, o Bloco é uma merda, e o PCP pouco se ouve… e o PSD tem uma líder que não é líder, e recorrendo às palavras de MEDINA CARREIRA, só há confusão nos partidos e quezílias internas, porque querem todos saltar para o poleiro, no dia em que se fazem as listas para as eleições está tudo bem internamente, todos se unem e lutam pelo “bem comum”, até conseguirem os seus tachos… ou conseguirem o grande descalabro e voltarem a cortar na casaca do líder do partido como se não houvesse amanha.
A situação portuguesa é a mais grave de todas, temos um país endividado, que á custa da politica da desgovernação e da governação em sistema de tapa buracos, se vai endividar mais… é o TGV que vai dar emprego a muito branco e muito preto que para aí anda, e lógico que vai ajudar a resolver alguns problemas momentâneos de Portugal, em termos de emprego, vai resolver problemas da empresa do JORGE COELHO mota engil, subir as acções da cimpor e ajudar a estatística económica do país durante algum tempo… mas depois é preciso pagar a factura do investimento e aí o saldo não vai ser seguramente muito menos positivo, factura a pagar pos nós novamente, e pelos nossos filhos, "não sei algum dia conseguirei ter". O que me vale é que o governo continua a atirar areia para os olhos dos portugueses, e o TGV provavelmente vai parar á gaveta como o aeroporto da OTA, ou seja “jamais” teremos dinheiro para o fazer, mas vamos falar dele que sempre dá direito a notícia ofuscando outros freeport´s.
Continuamos com areia nos olhos… estão a “LAVAR OS LOGOTIPOS ÀS ESCOLAS” para que a imagem pareça nova, para que toda a gente sorria, não sei se já pensaram que a caminharmos assim não falta muito para não termos ninguém para por lá dentro. Os jovens licenciados e os outros não licenciados, estão no desemprego sem estes não há crianças, sem crianças não há escolas, sem escolas não há professores, não há contribuintes, não há estado e há uma segurança social que não funciona deixando de haver dinheiro para os poucos que conseguem trabalhar um vida inteira e descontarem, sem isto vai haver podridão, solidão e um estado caótico. A educação requer um pensamento desde o inicio, desde que são geradas crianças, na instrução, no incentivo, na progressão, na cultivação de ideias, no treino dessas ideias, na luta por objectivos. Nada disto está a ser feito, continuamos a trabalhar em estatísticas atirando areia aos olhos do povo, como é o caso das novas oportunidades pelo centro de emprego, “toma lá um diploma do 12º ano, porreiro pá” quiseste estudar até ao 8º ano, mas nós aqui no estado, damos-te a oportunidade de teres o 12º ano como de uma promoção saída de num pacote de cereais! É bem o que geramos, o mal é que nem sabemos o que estamos a gerar.
Penso que um dos graves problemas da globalização capitalista em fast forward, que tivemos nos últimos 10 anos e não falo só da globalização económica, é que fez com os valores da sociedade se alterassem de tal forma e a tal velocidade que nos perdemos, sempre ouvi dizer em cinco anos num curso de comunicação, que as mentalidades das pessoas, “as multidões são acéfalas”, são muito difíceis de alterar, nunca concordei, a cena é que esta globalização actuou sobre nós “população mundial” como uma espécie de matrix… algo que ninguém previu, algo que ninguém viu, algo que ninguém sente, mas que a todos aos poucos nos foi alterando e indignando sem muita vezes reflectirmos… mas de quem é a culpa então…
Do vendedor do produto ou da empresa que gerou o marketing do produto?
Para mim é da empresa ou seja dos governos que desenvolveram um produto, com má qualidade, do qual era fácil iludir o consumidor, havia muitas manobras de diversão no meio, acho que foi um mágico que criou este magnífico pacote.
Chego á conclusão que este país está podre, que fui enganado pelos políticos, que durante anos não criaram outro tipo de pacotes de produtos alternativos e que agora nos forçam a viver o que eles criaram e que nós durante anos fomos alimentando com o nosso voto cívico, chego à conclusão também que não temos um governo, mas sim uma excelente empresa de marketing patrocinada pelo povo, "ou como diria Manuela Ferreira leite, cidadãos", excelente empresa de marketing o tanas, é como o gato escondido de rabo de fora, vemos sempre que estamos a ser enganados.

E quando ligamos para a linha de apoio ao cliente da empresa de marketing, dizem:
“Deixo-vos a minha solidariedade, o que é pouco, mas não tenho mais para dar”
Volte a tentar mais tarde.
E foi a nós que nos disseram que eramos uma geração rasca e à rasca, pois somos... pois somos... mas a culpa não foi nossa, foi dos rascas que lá estavam na altura, antes e depois.
Rui Gonçalves

2 comentários:

no way jose disse...

Geração rasca, já não me lembrava desta... pois é, isto tá mm tudo fodido, quanto mais se fala pior é, e parece que um cenário de caos e revolução não está assim tão longinquo...
O que eu acho mm é q esta PUTA desta crise, k já nem consigo ouvir esta palavra, é mais do k económica, financeira ou social. É global e por isso poderia ser o ponto de viragem. Mas não acredito q assim aconteça, pk no meio desta merda há sp alguem q se safa e se safa bem. Economica, financeira, social. Mas para mim é a prova q tudo isto está errado. A forma como a vida é vista, o "modelo" de vida q existe no mundo, pelo menos no mundo "civilizado". Isto está tudo mal, pk as crises podem existir, os ciclos existem, mas o k constatamos é q hj em dia a "forma" como s vive faz pouco sentido, para nao dizer nenhum. Chamem-me idealista, chamem-me utopico, mas é o k cada vez acho e acredito. Isto está tudo mal pk a vida passa por nos. Pk nao vivemos a vida. Pk deviamos ser felizes todos os dias, procurar o bem estar permanentemente, e nao ter o objectivo de "trabalhar uma vida inteira" para poder viver descansado depois. Depois de quê? Dps ja perdeste o melhor. Dps até ja bateste a bota com um AVC ou outra merda do genero. Depois ja tens pouco tempo e ja olhas para o relogio. Se calhar devia ser como diziamos no outro dia, começavamos a vida "reformados", a receber a reforma, e começavamos a trabalhar aos 35 ou aos 40. Se calhar fazia mais sentido assim. O trabalho nao pode ser o tema principal da nossa vida, ela é mt mais q isso. E o k esta PUTA desta crise está a fazer é mostrar exactamente a importancia do trabalho, e a fragil ilusao em q vivemos nos dias q correm.

tomp disse...

bom comment, como sempre josef. é isso mesmo... estamos todos errados, mas nem por isso mudamos a linha, continuamos como o comboio, umas vezes andamos para a frente, outras para tras mas nunca saimos da mesma linha.