domingo, setembro 11, 2005

Se até a beiças de cão o diz ....

Só para verem que não estava a mentir..


"A Selecção portuguesa está a um pequeno passe de se qualificar para a fase final do Mundial de 2006. Quem ainda não tirou a bandeira nacional da janela não é agora que o vai fazer. Luiz Felipe Scolari conseguiu o que muitos julgavam impossível. Não me refiro ao apuramento. Scolari conseguiu que o pessoal voltasse a gostar da Selecção. E gostar a sério. As tristes figuras sociais e desportivas que as comitivas lusas rubricaram no México em 1986 e na Coreia em 2002 esfriaram, e de que maneira, a relação do País que gosta de futebol com a sua equipa nacional. E, convenhamos, com razão. A coisa estava tão tremida que até houve quem torcesse o nariz quando Gilberto Madail anunciou a contratação do treinador campeão do Mundo para tomar conta da rapaziada. Vontade de dizer mal, claro está. Scolari foi forçado pelas circunstâncias a fazer dois trabalhos. Umpara dentro, outro para fora. Para dentro, ou seja, com a equipa, com os jogadores, tem sido um mestre da diplomacia sem nunca perder a autoridade. Tem primado por uma relação exemplar com os clubes, com os interesses dos clubes. Com os jogadores tem sido mais que um pai, como os últimos acontecimentos têm vindo a provar. A titularidade de Ricardo, o apoio efectivo a Hugo Viana e a Tiago quando os jogadores precisavam de definir o seu futuro, a mão dada a Alex, a mão dada a Marco Caneira no pior momento da sua vida, a confiança depositada em Nuno Valente e em Ricardo Carvalho, a liberdade concedida a Simão Sabrosa para tratar do seu rumo e, depois, a oportunidade de jogar aqueles 20 minutos de ouro, para que acabasse em beleza uma semana terrível para o capitão do Benfica. E, finalmente, o entendimento com Luís Figo, que não seria fácil de obter por outro mais convencional e menos pragmático. Para fora o trabalho de Scolari visou mais que tudo a reconciliação do público com a Selecção. Foi uma obra de mestre da agitação e da propaganda. A Selecção enche os estádios do País e, pela primeira vez na história do futebol português, há adeptos da Selecção, clubismos à parte. Isso é bom e é bonito. Até eu, que, francamente, acho que o Vítor Baía é o melhor guarda- redes português, considero-me convertida ao estilo Scolari."
Texto de Leonor Pinhão (a.k.a. beiças de cão), transcrito de "A Bola", edição de 08.09.2005

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